quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Prova didática

Em minha humilde opinião, o modelo atual de prova didática é uma vergonha completa. Ela permite um grau de subjetividade e dá um poder exagerado na mão de três pessoas. Já me submeti a este processo obtendo sucesso e insucesso; já vi colegas e amigos se preparando para ele e, repito, é uma vergonha.

A prova didática geralmente consiste na preparação e apresentação de uma aula para uma banca de três professores que têm a responsabilidade de avaliar a performance do candidato com base em um barema. O objetivo principal deveria ser de verificar a didática.

Bom, é isto formalmente, porém na minha leitura a prova didática baseia-se em uma aula tradicional, não-participativa, expositiva e conteudista para um público que você provavelmente nunca terá em condições irreais onde você será avaliado por critérios extremamente subjetivos e onde não cabe recurso.

Não há como você interpor recurso, mesmo em um concurso público, ao resultado de uma prova didática. Por quê? Pelo simples motivo de que não há argumentos objetivos que se sustentem a uma avaliação subjetiva. Não há como existir uma “recorreção”/”reteste”. A resposta da banca pode ser simplesmente “o resultado é este porque eu quero”. Claro que formalmente isto é escrito mais bonitinho, por exemplo, neste edital foi escrito assim no item 5.3.7: “Não caberá interposição de recurso ao resultado da Prova de Desempenho Didático, devido a suas características”.

Uma determinada professora que participou da banca de uma instituição federal disse claramente em sala e frente a cerca de 40 testemunhas que na prova didática os professores fazem o que querem. Escolhem de quem eles desejam ser colegas. Daí para ter uma carta marcada é bem fácil. O indicado praticamente está dentro.

Existem, claro, as bancas mais séria, porém as condições ainda são irreais. Por que não colocar os candidatos a professores dentro de uma sala de aula real com alunos reais? Poderia contar como atividade extra para os alunos e acho que eles iriam gostar de escolher seus próprios professores. Poderia-se criar um instrumento sério para avaliação, um questionário que todos os alunos deveriam responder. Remove-se a banca.

Sim, pois a banca é um problema em si. Ela acredita que está em condições de avaliar a didática de alguém com base em quê? Alguns dos professores que lá estão são aqueles horríveis que encontramos por aí (aqueles que vão para aula e ficam o tempo todo sentados, com uma voz monótona, lendo um papel já amarelado e ignorando a voz – quando não a existência – do aluno).

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